segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Nova lei de estupro e pedofilia dá margem a penas desproporcionais, diz procuradora


Quem cometer crimes sexuais graves poderá ter a pena diminuída e aqueles que cometeram delitos de menor potencial podem ter a punição agravada. A constatação é da procuradora de Justiça em São Paulo Luiza Nagib Eluf, após uma leitura atenta de artigos da Lei 12.015, que passou a valer a partir de 7 de agosto deste ano e promoveu alterações no Código Penal e na Lei de Crimes Hediondos com o objetivo de tornar mais severas as punições aos crimes de estupro e pedofilia.
Os crimes antes considerados atentado violento ao pudor, enquadrados no Artigo 214 do Código Penal, agora serão contemplados no Artigo 213, referente ao estupro. Com isso, estupro e atentado violento ao pudor, que eram dois crimes autônomos com penas somadas, devem resultar na aplicação de uma única pena.
"Realmente corremos o risco de as penas serem menores. Antigamente aplicávamos concurso material de delitos. Quem praticou de forma forçada sexo vaginal que era estupro e depois oral que era atentado violento ao pudor podia receber seis anos por causa de cada delito. Sempre pedi condenação pelos dois delitos com penas somadas. Agora eles passaram a ser a mesma coisa", afirma Luiza, especialista em direito penal e autora de diversas publicações sobre crimes sexuais.
Segundo a procuradora, a nova lei também peca ao não corrigir a ampla abrangência do atentado violento ao pudor. O Artigo 213 faz menção a "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal " ou a praticar "outro ato libidinoso". As penas previstas são reclusão de seis a dez anos; de oito a 12 anos se a vítima tiver idade entre 14 e 18 anos; e de 12 a 30 anos se o crime resultar em morte.
"Outro ato libidinoso pode ser um beijo e aí não dá para aplicar seis anos de prisão a quem beijou uma pessoa à força. Isso não pode ser tão grave quanto a conjunção carnal e outros tipos de violação", argumenta.
" A lei tinha que ter detalhado melhor o que são esse atos libidinosos. Quando fala em outro ato libidinoso pode ser qualquer ato. O direito penal tem que ser muito preciso e claro. Relação oral ou anal forçada é sim comparável ao estupro, mas outros atos já não são", acrescenta.
Luiza também considera equivocada a proibição instituída no Artigo 217 pela lei, que criminaliza qualquer prática sexual com menor de 14 anos ou pessoas com deficiência mental, definindo-as como estupro de vulnerável. A procuradora lembrou que hoje muitas meninas de 13 anos já têm namorado e mantêm relações sexuais regulares e consentidas. "Seria mais razoável definir que até os 12 anos, período da infância definido no Estatuto da Criança e do Adolescente, a relação sexual seria sempre considerada violência", opina a procuradora, ao ressaltar a pena de oito anos de reclusão prevista para o estupro de vulnerável.
Em relação às pessoas com deficiência mental, a procuradora avalia que a lei teria partido de um pressuposto errôneo de que elas não possuem desejo sexual e, na prática, declarou-as impedidas de ter relação sexual.
Para ela, as brechas deixadas pela nova legislação para análises subjetivas exigirão maior prudência dos operadores do direito penal na avaliação dos casos. "A lei é taxativa, mas a interpretação terá que se razoável, seguir o bom-senso na sua aplicação. Infelizmente essa nova lei perdeu a oportunidade de solucionar antigas controvérsias jurisprudenciais", ressaltou.
A unificação dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor vai na contramão de uma decisão tomada em 18 de junho deste ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando os ministros da Corte decidiram por seis votos a quatro que atentado violento ao pudor e estupro não são crimes continuados. Pela manifestação do STF, quem praticar os dois crimes deve ter as penas somadas, já que os delitos, embora ambos sejam crimes sexuais, não são da mesma espécie.
Para a ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, que diz ter opinado pela sanção integral do projeto enviado pelo Congresso, a nova legislação é um avanço e aumenta o rigor punitivo.
"Nós opinamos pela sanção dessas modificações que hoje constituem o novo Código Penal brasileiro. À medida que se amplia a visão do que significa o crime sexual, ele não é mais somente a partir da questão física, mas também a própria intenção e subjugação do outro no sentido da violência sexual é considerada crime", argumentou a ministra.
Sobre os riscos de criminosos se beneficiarem com as mudanças na legislação, Nilcéa ressaltou que as alterações ainda estão entrando em vigor e "isso não está efetivamente comprovado."


Agência Brasil

Saúde autoriza mais dois centros de transplantes em SP


SOLANGE SPIGLIATTI - Agencia Estado

SÃO PAULO - Mais dois centros especializados em transplantes serão instalados na capital paulista, após a autorização do Ministério de Saúde, na última sexta-feira, contribuindo para o aumento no número de atendimentos no Brasil. A portaria publicada no Diário Oficial da União de sexta credenciou o Hospital do Servidor Público Estadual e o Hospital Brigadeiro a realizar retirada e transplante de pele e rim, respectivamente.
São Paulo é o estado com o maior número de transplantes no Brasil, onde foram realizados 8.694 procedimentos em 2008, com avanço de 5,96% sobre 2007, seguido de Minas Gerais e Paraná. Os transplantes de córneas e de rins responderam por 83% do total de operações do ano passado no Estado. No mesmo dia em que os centros paulistas foram credenciados, outras três unidades - distribuídas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Acre - foram autorizadas para procedimentos como transplantes de córneas, rim e pele, além de busca ativa e retirada de múltiplos órgãos e tecidos.

Número de transplantes cresce 61% em relação a 2008

O número de transplantes cresceu 61% entre janeiro e 15 de agosto, se comparado com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Central de Transplantes. De acordo com o levantamento, o número de doadores viáveis, ou seja, que tiveram pelo menos um órgão aproveitado para transplante, foi de 430 nesses meses.
O total de cirurgias realizadas cresceu 54%. Durante este ano já foram realizados 65 transplantes de coração, 75 de pâncreas, 644 de rim, 359 de fígado e 20 de pulmão. No mesmo período em 2008, haviam sido contabilizados 43 transplantes de coração, 60 de pâncreas, 390 de rim, 235 de fígado e 27 de pulmão.

Fonte: A Cidade

Abdelmassih: nova estratégia para tentar sair da cadeia


Esta semana, o Tribunal de Justiça de São Paulo vai apreciar o mérito do habeas corpus ajuizado pelo médico Roger Abdelmassih, preso preventivamente.
O pedido liminar de soltura já havia sido negado pelo desembargador relator, do Tribunal de Justiça de São Paulo.
No caso, já ocorreu manifestação da procuradoria da Justiça. Portanto, só resta o julgamento de mérito, ou seja, se a decisão impositiva da prisão preventiva é ilegal ou abusiva.
Abdelmassih é acusado de autoria de 56 crimes de atentados violentos ao pudor, hoje estupros por mudança legislativa. Segundo o Ministério Público, são 56 crimes perpetrados contra 39 mulheres.
A família do médico, e logicamente ele próprio, já perceberam que a estratégia da defesa foi equivocada e o colocou na mídia mundial como perigoso estuprador, que abusava da confiança das clientes.
Fora isso, Abdelmassih não quis esperar o julgamento do mérito pelo Tribunal de Justiça, que será feito nesta semana. Ele saiu a pedir liminares no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). E todos essas Cortes lembraram da súmula consagrada no verbete de número 691 do STF : “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.
A referida súmula 691 só não se aplica a Daniel Dantas e quando o ministro Gilmar Mendes está no plantão judiciário. A propósito, o medico Abdelmassih topou com a ministra Ellen Gracie, que aplicou a súmula mencionada e indeferiu a liminar.
Só com Mendes, o STF pode apreciar o ato de um juiz de primeiro grau. Gilmar entendeu em cassar a decisão do juiz Fausto de Sanctis, que impôs a presão preventiva de Daniel Dantas. Não fosse Dantas, mas qualquer comum do povo, seria aplicada a súmula 691 e o interessado teria de bater às portas do Tribunal Regional e do Superior Tribunal de Justiça. Só depois, e no caso de insucesso, poderia aforar habeas corpus no STF, que é presidido por Mendes.
Com efeito. A cada impetração com pedido de liminar, o médico Abdelmassih permaneceu exposto na mídia, nacional e internacional. Mais ainda, movimentos sociais, em especial em favor da mulheres, passaram a pressionar pela manutenção da prisão.
Conforme percebeu a família de Abdelmassih e a torcida do Corinthians, a defesa, ao esquecer da súmula 691 e do fato dele não ser o Daniel Dantas, colocou o médico (agora paciente em habeas corpus) numa superexposição que só aumentou a ira e a indignação popular. O repetitivo discurso defensivo de prisão arbitrária e ilegal, na população, só serviu para fortalecer a acusação, ou seja, o processo contra o médico-monstro.
Pelo que já sabe, a defesa de Abdelmassih vai mudar de comando.
Na próximas horas, espera-se a entrada no caso do advogado Marcio Thomaz Bastos. O atual defensor-impetrante será deslocado de protagonista a coadjuvante. E caberá a Bastos realizar, nesta semana e no Tribunal de Justiça, a sustentação oral, por ocasião do julgamento do habeas corpus.
Experiente e profundo conhecedor do Direito, o advogado Bastos deverá explorar novas teses e cuidar de mudar a imagem do médico.
Nas conversas entre magistrados, fala-se que certamente Bastos deverá usar na defesa a recente suspensão do exercício profissional determinada pelo Conselho de Medicina. Na motivação da decisão impositiva da prisão preventiva, falou-se na necessidade da prisão em razão de o médico poder continuar a delinquir. Ora, com a suspensão, isso não será mais possível, pelo menos na clínica onde teriam ocorridos os ilícitos.
As chances de o habeas corpus ser concedido pelos desembargadores do Tribunal de Justiça não são grandes, apesar da sustentação a ser feita por Bastos.
No Superior Tribunal de Justiça, caso denegada a ordem em São Paulo, as chances serão bem maiores e quase certas no Supremo Tribunal Federal.
A jurisprudência dos Tribunais é tranqüila no sentido de que a gravidade dos crimes, por si só, não justifica a prisão preventiva. Não fosse assim, a prisão representaria uma antecipação de julgamento condenatório.
Em síntese, o novo defensor deverá insistir na desnecessidade da prisão preventiva. Também será lembrado que o médico não tem antecedentes criminais, é bom pai de família, tem prestígio profissional internacional e está impedido de clinicar. Todos esses argumentos, acrescido da habilidade de Bastos a impor novo estilo na condução da defesa, costumam sensibilizar tribunais.

PANO RÁPIDO: quem viver, verá.

–Wálter Fanganiello Maierovitch–

Fonte: Terra Magazine

O milagre da criação na alcova de laboratório


"Doutor, eu quero um filho." Essa deve ter sido a súplica de centenas de mulheres que procuraram a clínica do médico Roger Abdelmassih nos últimos 30 anos. Eram mulheres angustiadas pelo fracasso do milagre da criação na alcova. Já cansadas de esperar pela natureza ou pressionadas pelo relógio biológico, elas buscaram os doutores da criação. Não se sabe quantas se livraram da angústia da espera pelo nascimento do filho, pois pouco se conhece sobre as histórias de fracasso das tecnologias reprodutivas. Entre o comércio e o tratamento, a medicina reprodutiva caminha protegida por um duplo segredo: o médico e o familiar.
Por um lado, a força desse pacto de segredo se justifica pelas incertezas da medicina reprodutiva. As taxas de sucesso ainda são baixas, mal se sabe gerar apenas um filho por gestação e há dúvidas sobre quais diagnósticos devem ser feitos no embrião antes de sua transferência para o útero. As estatísticas médicas latino-americanas são produzidas a partir de dados oferecidos pelas próprias clínicas, o que levanta incertezas sobre sua qualidade. Por outro lado, o segredo se sustenta pelo simulacro da alcova no laboratório. O futuro filho de proveta deve ignorar a participação médica na sua criação. Além disso, a reprodução social das famílias depende da identidade biológica dos filhos para se atualizar, por isso a recusa à adoção como um projeto de família.
Abdelmassih não estava sozinho. São centenas de clínicas no Brasil, um dos países onde a medicina reprodutiva mais cresce no mundo. Só perdemos para os países árabes, nos quais o filho geneticamente vinculado é a condição para a manutenção de um casamento. O filho é definidor da feminilidade, por isso as mulheres se subordinam à rigorosa rotina de intervenções médicas e o medo do fracasso as silencia. A infecundidade constitui razão suficiente para o abandono das mulheres em várias sociedades. O Egito é um dos países com maior número de clínicas de medicina reprodutiva onde as pesquisas avançam rapidamente para solucionar a restrição religiosa à doação de gametas para os casais inférteis. Mas é exatamente esse imperativo moral do filho biológico que impulsionou o surgimento de novas configurações familiares com as técnicas reprodutivas.
A chegada a uma clínica anuncia um novo passo no projeto reprodutivo do casal: o poder médico assume autoridade em uma esfera da intimidade antes distante da técnica. A separação entre sexualidade e reprodução confere poderes quase divinos ao médico, a quem se concedem direitos de participação na intimidade sexual para o sucesso do tratamento. De terapeuta da infertilidade, o médico passa a agenciador de úteros, a representante comercial de bancos de esperma, óvulos e embriões, além de esteticista do patrimônio genético das famílias. Essa diversidade de papéis e poderes provoca a tênue fronteira entre assistência e comércio no campo das tecnologias reprodutivas. O médico atualiza um sonho, mas vende uma mercadoria. Sonho e mercadoria se confundem no nascimento do futuro filho.
O médico italiano Severino Antinori é conhecido por desafiar a moral reprodutiva. Entre suas pacientes estão mulheres com mais de 60 anos que desejam filhos. Contrariando algumas certezas médicas que indicam taxas elevadas de riscos à saúde ou de malformação nos fetos em gestação de mulheres com mais de 45 anos, os casos públicos de Antinori são de mães que deram à luz bebês de comerciais de televisão. Quando questionado, ele explica o sucesso de suas técnicas: o óvulo é de mulheres mais jovens; as gestações gemelares são solucionadas pela redução embrionária; alterações genéticas são evitadas pelo diagnóstico pré-implantatório; e o acompanhamento da gestação significa a redução das mulheres a seu estado de gravidez pela vigilância permanente.
A descrição de Antinori aproxima o pré-natal de uma linha de montagem de bebês: seleção de doadoras, aluguel de úteros, cardápio de traços genéticos, controle de qualidade. Seria simplório classificar essas práticas como eugênicas e rapidamente qualificá-las de imorais. O desafio ético não está na eugenia, um conceito carregado de história e pouco preciso. Em um vácuo normativo, Antinori é um médico que atualiza desejos e comercializa sonhos. O produto é o mesmo: o futuro filho. Nessa concretização de desejos pelo comércio surgem famílias idosas, famílias monoparentais, famílias gays e famílias virgens, além de famílias ainda à espera de definição judicial ou moral, como será o caso de várias das acusações contra Abdelmassih.
As crianças nascidas nas clínicas de reprodução assistida não são mercadorias em busca de suas origens de produção. O direito à identidade genética é um desses equívocos impostos pelo comércio. Entre as acusações contra Abdelmassih, estaria a troca de material reprodutivo para aumentar as taxas de sucesso de sua clínica. Isso pode vir a significar que algumas crianças nascidas de suas pacientes não têm vinculação biológica com elas mesmas ou os pais. O enfrentamento dessa questão exigirá uma verdadeira separação entre as esferas judicial e ética para essas famílias. É preciso investigar os crimes como uma garantia de justiça, o que, quem sabe, pode iniciar a normatização desse campo no País. Mas é também preciso serenidade para enfrentar os desafios éticos levantados pelos rumores. Para essas famílias, o filho não é mais um projeto, mas uma existência com biografia e afeto.
Essas foram famílias que desafiaram o milagre da criação natural por meio do socorro da medicina reprodutiva. Foram pessoas que atualizaram o significado da natureza para a constituição das famílias: os filhos seriam aqueles com herança de patrimônio genético. Essas mesmas famílias agora desafiarão o imperativo da herança genética como definidor da filiação. Seus filhos, gerados pela medicina reprodutiva, as obrigarão a enfrentar a redescrição ética sobre o significado da família sem biologia, do amor pelo filho adotado por escolha, do desejo pelo filho livre do comércio.

por Debora Diniz, pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) e professora da Universidade de Brasília, para o jornal o Estado de S.Paulo



Paulopes Weblog

Internet ligada cada vez mais a raptos com violência


No Dia Internacional dos Desaparecidos, dados da Polícia Judiciária revelaram uma quebra nos casos registrados em Portugal, na sua esmagadora maioria com desfecho positivo. Mas os sequestros com abusos sexuais, ligados à Internet, preocupam

Cada vez mais casos de sequestro de menores- com abuso sexual e violência associados – estão a ser ligados à expansão das novas tecnologias de comunicação, como a Internet e os celulares. As moças no início da adolescência, entre os 12 e os 15 anos, são os alvos preferenciais destes predadores da era digital.
“São apanhadas numa fase da sua vida que é psicologicamente complexa: ainda não são mulheres mas já não são crianças”, explicou ao DN, Patrícia Cipriano, presidente da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas (APDC). “Têm uma apetência natural para falar com homens mais velhos, porque os jovens da sua idade são mais imaturos, e quem está do outro lado sabe bem o que dizer para as cativar.”
Só em 2009, contou, a associação acompanhou as famílias de duas jovens de 13 e 15 anos sequestradas desta forma, ambas no início do ano. “Uma delas já tinha sido levada para França. A outra foi abusada e agredida por um alcoólatra, com antecedentes.”
O caso mais recente, divulgado há dias pela Polícia Judiciária (PJ), envolvia também uma estudante de 13 anos que – além de abusada sexualmente – foi fotografada e filmada pelo seu agressor, que colocou as imagens na Internet.
“Quando uma menina está na Internet, pode achar que está conversando com outra da sua idade e estar do outro lado um homem adulto”, disse ao DN Pedro Carmo diretor nacional adjunto da PJ. Mas este tipo de predador sexual, avisou, mesmo que “muitas vezes associado às situações mais violentas”, não é o único motivo de preocupação.
“Não há um perfil [de agressor] mas vários”, explicou. “Uma grande parte dos crimes sexuais são cometidos por outros menores de idade”, explicou o responsável.
Nos últimos anos, autoridades e associações civis têm dinamizado ações de sensibilização nas escolas, junto dos alunos e das famílias. Evitar dar informações sensíveis a estranhos, como o nome e endereço é um conselho básico. Outro é recusar quaisquer encontros ou, em último caso, fazê-los em local público e acompanhado.
As Nações Unidas alertaram ontem, a propósito do Dia Internacional dos Desaparecidos, para um aumento dos casos de desaparecimentos involuntários, que envolvem a ação de terceiros.
Mas em Portugal, disse Pedro Carmo, nomeadamente entre os menores, os casos dizem quase sempre respeito a ‘fugas’ voluntárias que “regra geral acabam bem, com os jovens a voltar para casa ou a ser localizados”. Resultados escolares “abaixo do esperado” ou a tentação dos “festivais de música” contribuem para que o Verão seja mais fértil nestas situações.
Segundo dados da PJ, só este ano foram participados mais de três mil desaparecimentos. Mas apenas 10 pessoas – seis adultos e quatro crianças – continuam nesta situação. Dos casos com menores, precisou o diretor nacional adjunto, “há dois” – Madeleine McCann e Rui Pedro – ainda sem conclusões.
Desde junho, Portugal é um dos poucos países com um sistema de alerta rápido de rapto. Mas até agora, este mecanismo – que contempla a divulgação de avisos nas televisões e rádios-, ainda não foi acionado: “É uma ferramenta excepcional, para situações excepcionais”, explicou Pedro Carmo.


DN

O que causa a síndrome de Estocolmo?

A sala em que Natascha Kampusch viveu dos 10 aos 18 anos

Aos 10 anos, Natascha Kampusch desapareceu a caminho da escola, na Áustria, em 1998. Em 2006, aos 18 anos, ela reapareceu em um jardim de Viena depois de escapar da casa de seu raptor aproveitando um momento de distração. Em uma declaração à mídia, lida pelo psiquiatra que a está tratando, Kampusch afirmou o seguinte sobre os oito anos que passou trancafiada em uma cela abaixo do porão do homem que a seqüestrou; "Minha juventude foi bastante diferente. Mas também evitei diversas coisas - não comecei a fumar ou beber, ou a andar em más companhias". De acordo com a opinião da maioria dos especialistas, Kampusch está traumatizada e parece estar sofrendo de síndrome de Estocolmo.
As pessoas que sofrem de síndrome de Estocolmo terminam por se identificar e até mesmo por gostar daqueles que os seqüestram, em um gesto desesperado e em geral inconsciente de preservação pessoal. O problema costuma surgir na maioria das situações psicologicamente traumáticas, como casos que envolvem seqüestro ou tomada de reféns, e em geral esses efeitos não se encerram com o final da crise. Na maioria dos casos clássicos, as vítimas continuam a defender e a gostar de seus raptores mesmo depois de escapar do cativeiro.
Sintomas da síndrome de Estocolmo também foram identificados no relacionamento entre senhor e escravo, em casos de cônjuges agredidos e em membros de cultos destrutivos.

Muita gente faz idéia razoável do significado do termo síndrome de Estocolmo tomando por base sua origem. Em 1973, dois homens invadiram o Kreditbanken em Estocolmo, Suécia, com a intenção de roubá-lo. Quando a polícia chegou ao local, os assaltantes trocaram tiros com os policiais, e em seguida fizeram reféns. A situação perdurou por seis dias, com os dois assaltantes armados mantendo quatro reféns em um cofre do banco, durante parte do tempo com explosivos presos ao corpo e em outros momentos com cordas em torno dos pescoços. Quando a polícia tentou resgatar os reféns, foi impedida por eles mesmos; os reféns repeliram o ataque dos policiais, e atribuíram a culpa pela situação à polícia e não aos raptores. Um dos reféns libertados criou um fundo para cobrir os custos da defesa judicial dos raptores. Assim nasceu a "síndrome de Estocolmo", e psicólogos de todas as partes do mundo passaram a dispor de um termo para definir esse clássico fenômeno do relacionamento entre raptor e prisioneiro.

A fim de que a síndrome de Estocolmo possa ocorrer em qualquer situação, pelo menos três traços devem estar presentes:
. uma relação de severo desequilíbrio de poder na qual o raptor dita aquilo que o prisioneiro pode e não pode fazer;
. a ameaça de morte ou danos físicos ao prisioneiros por parte do raptor;
. um instinto de autopreservação de parte do prisioneiro.

Parte desses traços é a crença (correta ou incorreta) do prisioneiro quanto à impossibilidade de fuga, o que significa que a sobrevivência precisa ocorrer nos termos das regras impostas pelo raptor todo-poderoso; e o isolamento do prisioneiro com relação a pessoas não cativas, o que impede que a visão externa quanto aos seqüestradores interfira com os processos psicológicos que geram a síndrome de Estocolmo. Da maneira mais básica e generalizada, o processo, tal qual visto em uma situação de seqüestro ou reféns, transcorre mais ou menos assim:
1 - em um evento traumático e extraordinariamente estressante, uma pessoa se vê prisioneira de um homem que a ameaça de morte caso desobedeça. A pessoa pode sofrer abusos - físicos, sexuais e/ou verbais - e enfrentar dificuldade para pensar direito. De acordo com o raptor, escapar é impossível. A pessoa terminará morta. Sua família também pode morrer. A única chance de sobreviver é a obediência;
2 - com o passar do tempo, a obediência, por si, pode se tornar algo menos seguro - já que o raptor também sofre estresse, e uma mudança em seu humor poderia representar conseqüências desagradáveis para o prisioneiro. Compreender o que poderia deflagrar atos de violência de parte do raptor, para evitar esse tipo de atitude, se torna uma segunda estratégia de sobrevivência. Com isso, a pessoa aprende a conhecer quem a capturou;
3 - um simples gesto de gentileza de parte do raptor, que pode se limitar simplesmente ao fato de ainda não ter matado o prisioneiro, posiciona o raptor como salvador do prisioneiro, como alguém "em última análise bom", para mencionar a famosa caracterização, pela jovem Anne Frank, dos nazistas que por fim a levaram à morte. Nas circunstâncias traumáticas e ameaçadoras que o prisioneiro enfrenta, o menor gesto de gentileza - ou a súbita ausência de violência - parece um ato de amizade em um mundo de outra forma hostil e aterrorizante, e o prisioneiro se apega a ele com grande fervor;
4 - o raptor lentamente começa a parecer menos ameaçador - mais um instrumento de sobrevivência e proteção do que de dano. O prisioneiro sofre daquilo que alguns definem como uma ilusão auto-imposta: a fim de sobreviver psicológica, além de fisicamente, e a fim de reduzir o inimaginável estresse de sua situação, o prisioneiro vem a acreditar verdadeiramente que o raptor é seu amigo, que não o matará, e que de fato ambos podem se ajudar mutuamente a "sair dessa encrenca". As pessoas do lado de fora que se esforçam por resgatar o prisioneiro parecem-lhe menos aliados, porque querem ferir a pessoa que o protege contra todos os males. O fato de que a pessoa em questão seja ela mesma a potencial origem desses males termina ignorada em meio ao processo de auto-ilusão.

Se você leu o artigo Como funciona a lavagem cerebral, já deve ter percebido as semelhanças entre lavagem cerebral e a síndrome de Estocolmo. As duas práticas são de fato extremamente próximas, como efeitos de relacionamentos de poder anormais. No caso de Patty Hearst, herdeira de um grupo editorial norte-americano seqüestrada no começo dos anos 70 pelo grupo político extremista Exército Simbionês da Libertação (SLA), os especialistas apontam tanto para síndrome de Estocolmo quanto para lavagem cerebral, como causa de suas ações subseqüentes. Depois de passar semanas trancada em um armário e de sofrer abusos severos, ela aderiu ao SLA, mudou de nome e se tornou membro do grupo. Terminou capturada com os demais, em uma tentativa de assalto a banco. No entanto, assim que a polícia deteve os demais membros e Patty foi devolvida à sua família, ela reverteu sua posição. Em lugar de defender o grupo e rejeitar os policiais, ela se distanciou do SLA e condenou suas ações. É possível que o que Hearst viveu não tenha sido nem lavagem cerebral, nem síndrome de Estocolmo, mas uma série de decisões conscientes cujo objetivo era garantir sua sobrevivência.


por Julia Layton - traduzido por HowStuffWorks Brasil

Para mais informações sobre a síndrome de Estocolmo e assuntos relacionados, veja os links abaixo:

Prevenção e Combate às Drogas: Cartilha para pais

Essa cartilha é dirigida a pais de crianças e tem o objetivo de sugerir atitudes que podem ser adotadas na educação dos filhos para que, mais tarde, eles tenham poucas chances de virem a abusar de álcool, cigarros e outras drogas. Tem como base achados científicos de vários países e se apóia em duas premissas: a primeira é que as vivências da infância são extremamente poderosas para formar adolescentes e adultos com diferentes doses de segurança própria, auto-estima e preparo para a vida em sociedade; a segunda é que os pais são, quase sempre, os adultos mais importantes na vida das crianças e têm, por isso, uma influência única no desenvolvimento de comportamentos, emoções e habilidades, seja através do próprio exemplo, seja por
serem capazes de propiciar experiências positivas e minimizar algumas experiências negativas impossíveis de serem evitadas.
O conteúdo foi dividido em três eixos. Para facilitar a memorização, todos se iniciam com a letra C, de criança:
Conversa, Cuidado e Cidadania.

Conversa
Alguns pais acham que educar os filhos sobre drogas tem que começar cedo: na hora do jantar, começam a falar com seus filhos de seis e nove anos de idade sobre os perigos
da maconha, da cocaína e do crack. Momentos depois, os filhos estão entediados, inquietos, contando os minutos para a conversa acabar. Os pais, no entanto, sentem-se aliviados, com a consciência limpa de que cumpriram com seu dever. Passadas
algumas horas, todos esqueceram o assunto. A iniciativa dos pais teve poucos efeitos.
O equívoco desses pais bem intencionados não é a idéia de que prevenção deve começar cedo e sim a falta de sintonia entre a conversa e a realidade imediata das crianças.
Como a questão do consumo de drogas ilegais é, salvo raras exceções, algo distante da realidade das crianças, é muito mais importante abordar os riscos de uso de substâncias químicas, mencionando produtos visíveis no cotidiano, como remédios, cigarros, produtos de limpeza e bebidas alcoólicas.

O leitor pode ter acesso a essa Cartilha e todas as demais, visitando o site do SENAD ou clicando no banner do livreto, exposto no lado direito do blog

Jaycee desenvolveu relação de afeto com acusado de rapto; polícia faz buscas na casa de Garrido

RIO - A americana de 29 anos Jaycee Lee Dugard, raptada aos 11 anos por Phillip Garrido - com quem teve duas filhas -, só conseguiu sobreviver aos anos de cativeiro porque desenvolveu relação de afeto com o sequestrador, Phillip Garrido. A afirmação foi feita pelo padrasto da mulher, Carl Probyn, durante entrevista à emissora britânica BBC . Durante o fim de semana, a polícia americana iniciou buscas na casa do acusado com a ajuda de cães para encontrar corpos de três crianças desaparecidas. Os animais são treinados para encontrar restos mortais e ajudarão as autoridades nas investigações sobre o possível envolvimento de Garrido no sumiço das menores há duas décadas.
Segundo Probyn, que foi suspeito pelo desaparecimento da enteada, as duas filhas de Jaycee, de 15 e 11 anos, vão demorar anos para se ajustarem à nova vida.
De acordo com o padrasto, a menina não tentou fugir de Garrido por conta de sua personalidade afável.
- Jaycee era uma menina muito meiga. Ela não chorava. Ela tinha filhos (com o captor) e ... é a Síndrome de Estocolmo (referência ao comportamento das vítimas de uma assalto em 1973, na Suécia, que defenderam seus captores mesmo depois de libertadas) - disse ele à BBC.

- Os três formaram uma ligação afetiva depois de 18 anos - afirmou na emissora britânica.
Além de buscarem pistas na casa de Garrido, em Antioch, Califórnia, peritos procuram evidências na residência vizinha, onde o sequestrador trabalhou como caseiro até 2006. Um chefe da polícia de El Dorado confirmou que o rapto das outras três crianças foi idêntico ao de Jaycee.
As três menores - Michaela Garecht, de 9 anos, Ilene Misheloff, 13, e Amanda Campbell, 4 - desapareceram em um período de três anos a cerca de 65 quilômetros da casa de Garrido. Michaela tinha o mesmo tipo físico de Jaycee - loura de olhos azuis.
A polícia conhecia a casa de Garrido, onde fazia visitas frequentes ao morador de 58 anos e condenado duas vezes, por sequestro e estupro. Ele cumpria liberdade condicional desde agosto de 1988 depois de permanecer na prisão por 11 anos. Três meses após a libertação, em novembro, Michaela foi raptada e coloca num carro no estacionamento de um supermercado de Hayward, a poucos quilômetros de Antioch.
Em janeiro de 1989, Ilene desapareceu quando caminhava para a aula de patinação no gelo na cidade californiana Dublin. Já Amanda, de 4 anos, foi levada da cidade de Fairfiel em dezembro de 1991. Sua bicicleta foi encontrada no chão. Jaycee foi raptada em junho de 1991.
A mãe de Michaela, Sharon Murch, disse a repórteres que está feliz com o retorno de Jaycee.
- Mas o que vem à cabeça é a possibilidade da solução do nosso caso e de nossa filha ser encontrada com vida. Nós esperamos e rezamos para que isso aconteça.



O Globo

Quero-quero faz ninho na Praia do José Menino, em Santos



SÃO PAULO - Um ninho de quero-quero chama a atenção dos visitantes da Praia do José Menino, em Santos, no litoral de São Paulo. A ave fêmea colocou três ovos na areia há uma semana.
Segundo especialistas, o quero-quero é um pássaro típico da América do Sul e costuma viver em gramados. A espécie teria escolhido a areia, que é mais quente, para chocar os ovos.
O visitante inusitado despertou a atenção de banhistas neste fim de semana. Os curiosos, no entanto, não conseguem se aproximar do ninho, em razão da presença de um macho no local, que já espantou até um cachorro.



G1

Anvisa proíbe comércio e importação de cigarro eletrônico


Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu formalmente o comércio e a importação do cigarro eletrônico, dispositivo eletrônico usado para simular o ato de fumar. A resolução publicada no Diário Oficial da União de hoje é resultado de decisão tomada em reunião da Anvisa na última terça-feira.A proibição de produtos que se apresentem como alternativa ao tratamento do tabagismo é válida para todo o país e levou em consideração a falta de comprovação científica sobre a eficácia e segurança do produto. O cigarro eletrônico nunca teve registro no país. Depois de uma consulta pública, que contou com a participação de órgãos de defesa do consumidor, a Anvisa decidiu pela proibição.O cigarro eletrônico é invento da empresa chinesa Golden Dragon Group, como alternativa ao tabagismo. Formado por um inalador, um cartucho, um chip e uma bateria recarregável, tem aparência semelhante ao cigarro convencional e emite um vapor não prejudicial à saúde. Mas em análise realizada pela Organização Mundial da Saúde, descobriu-se diversas substâncias tóxicas envolvidas em sua fabricação o que levou a organização a aconselhar sua proibição.De acordo com estudos realizados pela FDA, agência equivalente à Anvisa os Estados Unidos, os dispositivos do cigarro eletrônico são 1,4 mil vezes menos cancerígenos do que o cigarro convencional, mas contém diversos produtos químicos que podem trazer danos à saúde, como o nitrosamina e dietilenoglicol, substâncias cancerígenas que servem para dar sabor ao fumo. Por isso, o cigarro eletrônico também está proibido nos Estados Unidos.

Christina Machado


Agência Brasil

Caxias acaba com 'cracolândia' que funcionava sob fachada de barzinhos


Quinze pontos de venda de droga atrás do Restaurante Popular foram demolidos

Rio - Quinze barraquinhas, que funcionavam sob fachada de barzinhos para venda de crack, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foram demolidas na manhã desta segunda-feira por determinação do prefOs pontos de droga, localizados na Rua São Paulo, atrás do Restaurante Popular, foram identificados pelo prefeito em inspeção feita na terça-feira à Favela do Lixão e à Vila Ideal. Após a demolição das barraquinhas, o local será urbanizado. “Recebi uma denúncia de venda de drogas, fui ao local e verifiquei a procedência. Na segunda, não ficou uma barraquinha em pé. As máquinas acabaram com esse comércio de entorpecentes. A população não pode ficar refém de ninguém e Caxias não pode ser reduto de bandidos”, declarou Zito. Depois da retirada dos pontos de droga, a Secretaria de Obras pavimentará os cerca de 100 metros de comprimento da via, além de fazer os serviços de drenagem, calçada e meio-fio. O prefeito também pediu ao comando do 15º BPM (Caxias) uma ação mais ostensiva da corporação no local para impedir a venda de drogas. eito José Camilo Zito (PSDB).



foto:IRADEX.NET


O DIA ONLINE

Incêndios na Califórnia matam 2 e ameaçam 12 mil casas


Dimensão das chamas dobrou desde o domingo; bombeiros morreram em acidente no combate ao fogo

LOS ANGELES - As autoridades da Califórnia calculam que os incêndios que começaram na quinta-feira, 27, em Los Angeles ameaçam mais de 12 mil residências e outras construções. Segundo o corpo de bombeiros, dois oficiais morreram em um acidente de carro enquanto se locomoviam para combater as chamas na região noroeste da cidade.
Até agora, 18 casas foram encontradas destruídas na região, mas os bombeiros esperam encontrar muitas outras. Cerca de 10 mil residências foram esvaziadas. O governador do Estado, Arnold Schwarzenegger descreveu os incêndios como “ainda totalmente fora de controle”. Cerca de 2.000 bombeiros tentam combater o fogo.
Além dos milhares de residências que podem ser consumidas pelas chamas, ainda estão ameaçados um importante centro de comunicações que engloba 20 retransmissoras de sinal de televisão e o Observatório Espacial de Mount Wilson, que mais de um século de existência.
Segundo as autoridades, apenas 5% dos focos das chamas estavam controlados até domingo e cerca de 184 quilômetros quadrados haviam sido destruídos no Parque Los Angeles National Forest. Cidades como Pasadena e Glendale tiveram de ser esvaziadas por conta da rapidez da expansão dos incêndios, que dobraram de tamanho desde domingo.

Acidente
Dois bombeiros que enfrentavam o incêndio no parque morreram ao capotar o veículo que dirigiam. O acidente aconteceu perto do monte Gleason no domingo à tarde, e embora não tenham sido divulgados dados sobre o ocorrido, as imagens de televisão do canal local KCAL mostraram um caminhão acidentado.
O chefe dos bombeiros do condado, Mike Bryant, disse que o acidente ocorreu durante um período muito intenso de luta contra o fogo na frente norte do fogo, perto de Acton. Os oficiais foram identificados como Tedmund Hall, 47, do condado de San Bernardino e Arnaldo Quinones, 35, de Palmdale.
No domingo, as cinzas dos incêndios chegaram até Los Angeles. As equipes de emergência estão concentrando seus esforços na região norte, onde as chamas estão avançando rapidamente. Segundo a BBC, o governador, que decretou estado de emergência na semana passada, pediu aos moradores que obedeçam a orientação de evacuar suas casas, depois que três pessoas sofreram sérias queimaduras. “Teve gente que não ouviu e teve pessoas que se queimaram e ficaram criticamente feridas porque não ouviram”, disse ele.
Com a previsão de mais calor nos próximos dias, especula-se que os bombeiros podem levar até uma semana para controlar as chamas. A intensa fumaça também dificulta os esforços para tentar controlar os incêndios pelo ar. Os incêndios florestais são comuns na Califórnia nesta época do ano, mas é incomum que eles ocorram tão próximos de centros urbanos.



Estadão

Objetos jogados por visitantes colocam em risco a vida de animais nos zoos

Jacaré é submetido a uma cirurgia após ingerir um anzol (Foto: Divulgação/Zoológico de Sapucaia do Sul)

Anzóis, isqueiros e solas de sapato são atirados para os bichos.Força-tarefa investiga morte de 69 animais em zoo de Goiânia.

A morte de animais provocada pela ingestão de objetos nos zoológicos do país é mais comum do que se imagina. A atitude é típica de alguns visitantes, que enxergam o local como uma passarela de desfile e tentam chamar a atenção dos bichos atirando materiais como isqueiros, anzóis, meias, solas de sapato e até vidros de perfume.

No zoológico de Goiânia, uma força-tarefa foi criada para investigar a morte de 69 animais. Ainda não se sabe o que causou os óbitos.

A Sociedade de Zoológicos do Brasil e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não têm dados fechados sobre o volume de casos de mortes de animais no país que tenham sido provocadas pela ingestão de objetos estranhos.


Raio-x
Segundo Giacomini, normalmente, um raio-x ajudaria o trabalho dos veterinários, mas no caso de animais de grande porte, essa medida não tem como ser feita. “Só conseguimos saber o que está acontecendo com a espécie durante a necropsia.”

O veterinário afirmou que os objetos retirados do organismo dos animais acabam servindo para um trabalho de educação ambiental para crianças. “Elas querem dar pipoca para macaco, chamar a atenção dos animais que, em algumas vezes, não estão visíveis aos olhos delas durante o passeio. É uma questão de cultura, que podemos melhorar com didática ambiental.”

Giacomini disse ainda que uma ema morreu após comer uma meia na unidade. “Aquilo obstruiu o esôfago dela e provocou a morte por sufocamento. A ema e o avestruz costumam sofrer mais com esse tipo de problema, pois comem qualquer coisa. Além dos animais do zoológico, recebemos outros do centro de triagem, que também sofreram com anzol, por exemplo, como foram os casos de uma tartaruga e de um jacaré.”

Educação ambiental
Para Cristiane Miguel, coordenadora da fauna do Ibama de Goiás, o zoológico pode ser um grande centro de educação ambiental e conscientização da importância dos animais na vida do ser humano. “Recebemos cerca de 5 mil animais por ano. Muitos deles são vítimas de tráfico, de maus-tratos ou de desmatamentos.”

“O zoológico não é um espetáculo circense. A violência que vitima os animais é reflexo do problema comportamental dos visitantes. As pessoas têm na mente que os animais devem desfilar para elas, que o canguru deve estar sempre pulando, que o macaco está sempre brincando. O animal precisa de descanso, tem sua própria rotina”, afirmou Giacomini.

Vidro de perfume foi retirado de estômago de uma ema (Foto: Divulgação/Zoológico de Sapucaia do Sul)
Luiz Antonio da Silva Pires, presidente da sociedade de zoológicos do Brasil, disse que um trabalho maciço de conscientização erradicou esse tipo de problema no zoo de Bauru. “Em 1989, tínhamos o Pomposo, uma onça-pintada que morreu após engasgar com um saco plástico. Fechamos o zoológico e fomos às ruas, com faixas e carros de som para mostrar o que tinha acontecido. Nunca mais tivemos esse tipo de comportamento no local.”
No mesmo ano, a legislação que trata do funcionamento dos zoológicos do país foi regulamentada. “O texto obriga cada unidade a ter segurança para os animais e para os visitantes e funcionários. A área destinada aos animais precisa de espaço suficientemente saudável e isolado. As pessoas não podem ter contato com as espécies. De lá para cá, posso dizer que esse tipo de problema diminuiu muito.”
Ema passou por cirurgia após ingerir um anzol no RS (Foto: Divulgação/Zoológico de Sapucaia do Sul)

Mortes misteriosas

Sessenta e nove animais morreram no Parque Zoológico de Goiânia desde janeiro deste ano. Biólogos e a polícia tentam descobrir o que está causando as mortes.
Na semana passada, um bisão, que tinha mais de 17 anos – a estimativa de vida é de 15 anos - morreu. Um casal de hipopótamos, de girafas, um jacaré, uma onça e até um leão também estão na lista de mortos.
Em janeiro, a unidade tinha 589 animais e chegou a ficar com 520 espécies após as mortes. Hoje, com 33 nascimentos registrados no local, o parque abriga 553 animais. “Os laudos das mortes que temos conhecimento até agora indicam causas distintas. Nenhuma das mortes tem relação com a outra. É uma gama de fatores que está sendo investigada”, disse Cristiane Miguel, coordenadora de fauna do Ibama em Goiânia.
O zoológico foi interditado em 20 de julho e não recebe mais visitantes. Força-tarefa Por causa das mortes, uma força-tarefa, composta por integrantes do Ministério Público, Universidade Federal de Goiás, Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), do Ibama e do Conselho de Medicina Veterinária, acompanha o caso.
“O zoológico é antigo, fica na região central da cidade e precisa ser revisto. Não sabemos se tem condições de receber visitação pública, porque ainda devemos levar em consideração a questão de educação ambiental e costume das pessoas quando visitam o zoológico. Elas oferecem comida, jogam pedras e outros objetos para chamar a atenção dos animais e também fazem barulho”, disse Cristiane.
G1

Menina de 4 anos é abandonada dois dias em casa


Uma menina de 4 anos foi encontrada sozinha em casa neste domingo (30) no bairro Jardim Conceição, em Hortolândia. Os vizinhos ouviram o choro da criança durante a manhã e chamaram a polícia, que arrombou a porta. A menina estava trancada desde a tarde de sábado (29).
O caso foi registrado na delegacia da cidade. O Conselho Tutelar levou a criança a um abrigo. Os pais ainda não foram localizados. Segundo os vizinhos, não foi a primeira vez que a menina foi abandonada.
O Conselho Tutelar vai tentar localizar algum familiar nesta segunda-feira (31) e decidir o destino da menina.



EPTV

Declaração sobre o desmentido à pedofilia no Hamas


Se as fontes sionistas são suspeitas ao mostrar apenas as noivas meninas, o mesmo não se pode dizer da reportagem da TV ÁRABE AL JAZIHRA: HAMAS ORGANISES MASS WEDDING IN GAZA - 2 AUG 09 [http://www.youtube.com/watch?v=RYmtaXQHEtw&feature=fvw], com comentários em inglês.
A reportagem mostra as cerimônias, em imagens de grande nitidez, registrando em panorâmica o pavilhão dos noivos, as danças dos noivos, sem jamais focalizar o pavilhão das noivas, ou qualquer noiva em particular.
Nenhuma noiva é entrevistada, e as únicas noivas que aparecem nessa reportagem são as meninas-noivas, com absoluta ausência de imagens das noivas adultas alegadas pelo Hamas, após as imagens que vazaram na rede do suposto casamento pedófilo: as supostas noivas adultas jamais são entrevistas, jamais são vistas, não aparecem nem sequer de relance, em momento algum.
Os casamentos pedófilos têm sido, aliás, discutidos nos países muçulmanos.
A agência Reuters, que não se pode dizer que seja sionista, divulgou a seguinte notícia:
Arábia Saudita regulamenta casamento de meninas. RIAD (Reuters).
O Ministério da Justiça da Arábia Saudita anunciou a intenção de regulamentar o casamento de meninas muito jovens, depois que um tribunal recusou-se a anular o matrimônio de uma garota de 8 anos com um homem 50 anos mais velho, segundo um jornal local: http://www.abril.com.br/noticias/mundo/arabia-saudita-regulamenta-casamento-meninas-353907.shtml.
Quanto à afirmação de que entre os árabes homens e mulheres ficam separados até a hora do casamento.Noivos não andam de mãos dadas em público, basta assistirem a um casamento árabe para se perceber que essa alegação não procede:
no casamento da família Kara Ali, postado no YouTube [http://www.youtube.com/watch?v=W-0Dx5d11Ug&feature=related] aos 4 minutos e 12 segundos podemos ver o tradicional desfile do noivo de mãos dadas com a noiva em público antes de chegarem ao altar.
No casamento em massa do Hamas, é exatamente isso que os noivos estão fazendo.
Nenhuma prova material (fotos, gravações de celulares, reportagens de TV, vídeos caseiros, etc. da cerimônia, datados do dia em que ela se realizou) ainda foi postada na internet, até onde sei, refutando as provas abundantes do casamento pedófilo em massa, mas assim que as receber, seja de fonte hamasiana ou sionista, as divulgarei no interessa da verdade e para alívio do mundo civilizado.

Britânicos chegaram a América em 1499


RIO - Os primeiros britânicos navegaram em direção ao Novo Mundo apenas sete anos após Colombo, uma carta encontrada só agora revela, segundo o jornal "Daily Mirror". Escrita por Henrique VII, há 510 anos, ela sugere que o comerciante de Bristol William Weston partiu em direção à América em 1499. Acreditava-se que a primeira expedição inglesa teria sido a de Robert Thorne e Hugh Eliott em 1502. Colombo desembarcou nas Bahamas em 1492.
Na carta, o rei instrui seu chanceler a suspender um mandado judicial contra Weston porque "ele em breve e com a graça de Deus, passará e navegará para buscar e encontrar, se conseguir, a nova terra".
O doutor pela Universidade de Bristol Evan Jones acredita que essa foi provavelmente a primeira tentativa de encontrar a passagem Norte-Oeste - a rota marítima pela América do Norte para o Pacífico.
- A carta de Henrique é emocionante porque tão pouco se sabe sobre as primeiras expedições inglesas de descoberta. Ninguém tinha ouvido falar de William Weston até a carta revelá-lo como o primeiro inglês a liderar uma expedição à América - disse
A carta apareceu por acaso. Ela foi encontrada em 1981 e encaminhada ao historiador David Beers Quinn. Ele não a publicou, preferindo esperar que a historiadora Alwyn Ruddock divulgasse uma pesquisa sobre o explorador John Cabot.
Em seu testamento, Alwyn pediu que todos os seus escritos fossem destruídos, o que motivou Jones a tentar saber o que ela havia descoberto.



O Globo

MP afasta promotora suspeita de acobertar PMs


RIO - A promotora Beatriz Leal de Oliveira foi afastada da comarca de Santa Maria Madalena, revelam Jaciara Moreira e Sérgio Ramalho na edição desta segunda-feira de O GLOBO. A medida, que será publicada no "Diário Oficial do Ministério Público do Estado", foi tomada após O GLOBO revelar, neste domingo, o suposto envolvimento da promotora num esquema para acobertar crimes (incluindo execuções) praticados por PMs em Cachoeiras de Macacu, onde Beatriz Leal atuava até maio passado.
Inicialmente, a promotora será afastada do cargo por um período de 60 dias. No entanto, o MP já iniciou uma investigação criminal que poderá resultar no afastamento dela por tempo indeterminado e também numa ação penal.
- Não podemos ser levianos e tirar conclusões precipitadas, mas, independentemente do resultado das investigações, esse fato é muito negativo para o Ministério Público - afirmou o procurador-geral de Justiça, Cláudio Soares Lopes.
A suspeita de ligação da representante do MP com o "grupo de extermínio formado por policiais" - como descreve o relatório da investigação feita pela Polícia Civil - foi levantada a partir de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Nelas, a promotora fala com o cabo Denílson Custódio de Souza, que está preso no Batalhão Especial Prisional (BEP) sob a acusação de assassinato.
Numa conversa, Beatriz diz a Denílson ter conseguido evitar a transferência dos policiais de seu Grupo de Apoio a Promotores (GAP) de Cachoeiras de Macacu para o Rio. Ela acrescenta que vai levar os policiais para a comarca de Santa Maria Madalena, onde diz estar de "férias", referindo-se à pequena quantidade de processos no município. "Neste mês, eu despachei seis ações", diz a promotora, rindo, a Denilson.



O Globo

domingo, 30 de agosto de 2009

Ministério Público pede 60 anos de condenação a ex-secretário de Sorocaba


O Ministério Público (MP) pede a condenação do ex-secretário de Administração da Prefeitura de Sorocaba, Januário Renna, de 63 anos, a 60 anos de prisão por crimes cometidos contra nove meninas, duas delas de 12 anos. O pedido foi encaminhado, ontem à tarde, à 2.ª Vara Criminal de Itu. O advogado de Renna, Mário Del Cístia Filho, terá 10 dias para apresentar a defesa do acusado.
Renna, que encontra-se preso em uma cela com 10 pessoas na Penitenciária Antonio de Souza Neto (P2), foi denunciado por seguidas violações aos artigos 218-B, 2.º parágrafo, inciso 1, do Código Penal (praticar conjunção carnal ou ato libidinoso com menor de 18 anos e maior de 14 na situação de prostituição ou exploração sexual, com pena que varia de 4 a 10 anos); 244-A, do Estatuto da Criança e do Adolescente (submeter ou explorar menor a prostituição, com pena que varia de 4 a 10 anos); 214, do Código Penal (constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso, com pena que varia de 6 a 10 anos).

Flagrante

O ex-secretário foi preso, em flagrante, no último dia 15 (aniversário de Sorocaba), por policiais da 5.ª Delegacia da Divisão de Investigações de Crimes Sobre o Patrimônio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Capital, em um quarto de motel, com três menores (duas de 14 anos e uma de 15 anos), em Itu. Diligências da Delegacia da Infância e da Juventude (Diju) e da Promotoria da Infância e Juventude de Sorocaba encontraram outras vítimas de Renna.

Depoimentos de outras seis menores -, que também teriam mantido relações sexuais com o acusado -, foram colhidos pelo titular da Diju, José Augusto de Barros Pupin, pelo delegado de Itu, Nicolau Santarém, e pelos promotores Antônio Domingues Farto Neto (que abrigou as três menores do flagrante em uma instituição), Mariane Monteiro Schmidt e Wellington dos Santos Veloso, que integra o Grupo de Atuação Especial Regional de Combate ao Crime Organizado (Gaerco), também participante da denúncia.

Julgamento

Segundo o MP, assim que o advogado de Renna apresentar a defesa, no prazo de 10 dias, uma audiência de instrução e julgamento será marcada, para o depoimento, em juízo, das vítimas, das testemunhas arroladas (incluindo os investigadores que participaram do flagrante) e de Renna. Após essa etapa, acusação (no caso, o MP) e a defesa (o advogado que representa o ex-secretário) terão prazo de cinco dias para apresentar as alegações finais nos autos, seguindo-se, então, para a sentença. É possível que o julgamento aconteça até novembro.

Do motel à P2, Renna está ‘nas mãos’ da Justiça

O ex-secretário de Administração de Sorocaba, Januário Renna, está ‘nas mãos da Justiça. Preso no dia do aniversário de 355 anos de Sorocaba (15 de agosto), com duas meninas de 14 e outra de 15 anos, em um quarto de motel, localizado no quilômetro 28 da Rodovia do Açúcar, em Itu, Renna encontra-se à espera de julgamento, dividindo cela com outros 10 detentos na Penitenciária Antônio de Souza Neto (P2).
Momentos antes de os investigadores da 5.ª Delegacia do Deic arrombarem a porta do quarto em que estava, Renna gozava do status de secretário, na companhia de três meninas. Seminu, ele foi atingido, no rosto, pelo impacto resultante de um chute na porta. As três meninas, assustadas, não compreenderam a ação, conhecida como cana no jargão policial.
No Deic, em São Paulo,- local para onde foi conduzido e preso em flagrante -, Renna sentiu-se mal. Não havia caído a ficha dele, disse um dos policiais que participou da prisão. A reportagem do Cruzeiro do Sul esteve na sede do Deic, na última quinta-feira. Especializada em prender assaltantes de banco e de cargas, os policiais surpreenderam-se ao descobrir que Renna era uma pessoa ligada ao Executivo. Ele disse que era secretário, mas não demos bola. Flagrante é flagrante, ressaltou outro policial da divisão.
No dia seguinte à prisão, o titular da Delegacia da Infância e da Juventude (Diju), José Augusto de Barros Pupin, e o promotor da Infância e da Juventude, Antônio Domingues Farto Neto, deslocaram-se até a cidade de Salto, onde localizaram uma quarta vítima de Renna. Era uma criança de 12 anos, que não tirava o dedo da boca. Juntos das outras três menores, ela foi encaminhada a um abrigo.
No dia 17, ou seja, dois dias após a prisão em flagrante, o delegado Pupin, cumprindo mandado judicial, apreendeu o computador localizado na sala de Renna, na Prefeitura de Sorocaba. O mesmo aconteceu em sua residência, em Itu. Os dois computadores foram entregues ao Instituto de Criminalística (IC), para serem periciados. O laudo ainda não foi divulgado.
No dia 18, a família de Renna contratou o advogado criminalista Mário Del Cístia Fillho para defender o acusado. No mesmo dia, o ex-secretário recebeu a visita de amigos, como professores da Esamc e o secretário Rodrigo Moreno, nomeado pelo prefeito Vitor Lippi (PSDB) para ocupar seu lugar, após a exoneração.
Novas diligências foram realizadas. Outras cinco vítimas surgiram (todas menores de idade, incluindo mais uma menina de 12 anos). O Ministério Público, juntamente com o Gaerco de Sorocaba, finalizam o inquérito e oferecem a denúncia à Justiça. Solicitam 60 anos de condenação a Renna por crimes baseados em três artigos do Código Penal e do ECA, como atentado violento ao pudor e submeter à prostituição crianças e adolescentes menores de 18 anos.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

‘Acho que o dr. Roger é culpado, mas não consigo odiá-lo’


de uma paciente de Roger Abdelmassih

‘Inicialmente eu não acreditei em nada. Achei que fosse complô, inveja, misturado com coisas reais, como alguns erros médicos, algum assédio e quem sabe até casos amorosos que não terminaram bem. Para mim foi muito difícil ver tudo isso na TV, nos jornais, nas revistas, nos comentários no ambiente de trabalho e até de supostas amigas que me ligavam meio que para espezinhar minha escolha médica.

Cada vez mais acho que ele é culpado e acredito nas denúncias. Mas eu não consigo odiar o dr. Roger. Não consigo. Da mesma forma que vocês sentem esse ódio tão intenso, e deve ser terrível olhar para os seus filhos e se lembrar dele, ter os filhos associados a tanto ódio, comigo ocorre o contrário. Eu não consigo olhar meu filho sem sentir-me grata por ele ter me ajudado a ser mãe.
Um momento eu acredito que é inocente, no momento seguinte, que é culpado. Vocês têm que respeitar esse processo difícil também. E até se alguém o defende, acredite, não será por pagamento somente. Algumas pessoas acreditam nele, ponto. Não como reverter isso no grito. É a esfera de intimidade de cada um.
Escrevi algumas vezes neste blog, sou a pessoa que desconfia do engenheiro químico, e entrei em contato com algumas pAdicionar imagemessoas que não acreditam que o doutor Roger seja um monstro.
Penso que cada um tem o direito de achar o que quiser, culpado ou inocente, doente e monstro, ou ser humano cheio de falhas que cometeu crimes, mas que também fez coisas boas.
Para ser um benfeitor tem que ser benfeitor o tempo todo. Para ser criminoso, basta um crime, não são necessários nem 56, nem 70, nem 1000. Mas da mesma forma que se ele fez 5.000 atos corretos e de benfeitoria, não serve para que ele se exima de um crime apenas, da mesma forma que os 70 crimes dele não invalidam o bem que ele também já fez a muita gente que o percebe assim: benfeitor.
Na minha experiência de vida ele foi bom. Me trouxe felicidade. Isso não me dá certamente o direito de achar que ele fez o bem a todos, mas explica a dificuldade em aceitar e acreditar nas denúncias e a busca por explicações.
É difícil aceitar certos fatos. A negação é parte da psicologia de todos nós, sobretudo quando envolve sentimentos tão fortes, que envolvem amor, ódio, vida, violência e vivências que se percebem como bênçãos.
Agora estou pensando: e se eu fosse uma vítima: com certeza sentiria ódio, repulsa, etc. Como mera expectadora de um escândalo desse porte, eu não teria dúvidas: me alinharia automaticamente às vítimas. Mas como o escândalo respinga em mim de forma pessoal, e tenho minha própria história de vida entrelaçada eternamente a esse escândalo, estou sofrendo também, me solidarizo com as vítimas, mas sou capaz de entender quem não acredita em nada.
É muito difícil mesmo acreditar, quando a nossa própria experiência pessoal contraria o que está sendo mostrado. Minha experiência foi de respeito, profissionalismo, sucesso. Com certeza há milhares de histórias assim, e milhares de pessoas perplexas, certamente.
Minha decisão é a seguinte: me reservo o direito de condenar qualquer crime, de me solidarizar com as vítimas, de me colocar no lugar delas e de pensar que se tivesse acontecido comigo ...teria sido o inferno.
Também me reservo o direito de continuar percebendo a minha história como uma boa e bela história. E os atores da minha história são quem são. Na minha história de vida um criminoso que me fez um bem. Isso não dá para apagar. Não se apagará o fato de que é um criminoso (se bem que não foi condenado ainda). E não se apagará fato de que me fez um bem.
A partir de agora, vou parar de acompanhar o caso aqui e em outros blogs, e seguir minha vida. Meu marido e familiares estão reclamando. Me querem de volta para eles. Me querem fora da internet e do assunto. Então, desejo boa sorte a todos e que a justiça seja feita.
Como já está tudo nas mãos da Justiça, parece que está no lugar certo.’

Comentários de alguns leitores

Anônimo disse...
Seu comentário é sincero, verdadeiro e, portanto, irretocável. Entendo e respeito seus sentimentos.Eu estou do outro lado dessa fronteira!Esse criminoso, que lhe fez tão bem, quase destruiu a minha vida e a da minha família. Acho desnecessário detalhar o que passei. Já o fiz nos meus depoimentos na polícia e no Ministério Público.O ser humano realmente pode ser tudo: de anjo a demonio. No meu caso, infelizmente, ele não foi o anjo...Hoje realizada, com o filho que tanto desejei, e com minha vida recuperada, sobra ainda uma ferida aberta, que teima em queimar.Só a justiça será capaz de cicatrizá-la. Ela já está sendo feita, por sorte de todos nós que comhecemos o lado perverso e pouco luminoso desse médico.Não tenho nenhuma pena dele. Tenho ódio sim, nojo, repugnância, revolta.Ele receberá, como deve, o reconhecimento das pessoas que ajudou. Mas receberá também, a pá de cal de todas nós que tivemos a alma ferida e a dignidade humilhada, sem que ele pensasse nas consequências.Só quero justiça. Só quero viver para o bem, como sempre vivi, e contribuir para que o mundo se livre da perversão criminosa de loucos como o Roger.Eu sigo o meu caminho com a consciência tranquila. Tenho muito orgulho da atitude de denunciá-lo. Devia isso à mim mesma, à minha familia, às outras vítimas, e ao meu filho, que teve a sorte de nascer longe das mãos sujas desse bandido.
30/08/09 13:10

Roberto Santini disse...
O maior crime praticado contra o ser humano é o ultraje em sua dignidade, como o que foi praticado contra as mais de 60 mulheres, as quais foram ao encontro de um sonho e descobriram um pesadelo. A "Lei Divina", certamente virá ou já está vindo; mas a " Lei dos Homens " é extremamente necessária, sob pena de perdermos a confiança em uma profissão, de tão alta relevância Social , que é a Medicina. Os Conselhores Regionais de Medicina, de todo o País, devem ficar muito atentos a este e em muitos outros casos! Tenho a mais absoluta certeza de que, as mulheres que hoje, adentram em um consultário médico, Hospital ou uma Clínica, levam consigo uma grande dose de desconfiança! E confiança, na moral e competência, é fundamental em qualquer atividade Profissional, principalmente, nas que dizem respeito à Saúde.Tenho por índole, respeitar todas as opiniões , embora critique as que agridem a inteligência e o bom senso. É do Estado de Direito as manifestações de forma Democrática onde, todos nós, temos um "nome e um rosto". Por isso entendo um serviço "inestimável" dessas mulheres que, visando o bem comum , imbuídas de Cidadania e Coragem, denunciaram os abusos a que foram submetidas, pelo Doutor Roger Abdelmassih.Eu que tenho mãe e irmã, amigas, colegas de serviço, envio os meus sinceros respeito, solidariedade e admiração , às Senhoras Ivanilde Serebrenic e Vanuzia Leite Lopes, dentre tantas outras. Obrigado, pela coragem e persistência, de todas vocês, em busca de Justiça!

30/08/09 15:46


Paulopes Weblog

Quando gritar não é suficiente


De crime contra os costumes, o estupro passou a crime contra a dignidade sexual

SÃO PAULO - "Será justo, então, o réu Fernando Cortez, primário, trabalhador, sofrer pena enorme e ter a vida estragada por causa de um fato sem consequências, oriundo de uma falsa virgem? Afinal de contas, esta vítima, amorosa com outros rapazes, vai continuar a sê-lo. Com Cortez, assediou-o até se entregar. E o que em retribuição lhe fez Cortez? Uma cortesia..."
A gentileza de Fernando Cortez indignou a jurista Silvia Pimentel. Tanto que, ao lado das pesquisadoras Valéria Pandjiarjian e Ana Lúcia Schritzmeyer, ela decidiu escanear outras cortesias do gênero pelas cinco regiões do Brasil. Diante de 50 decisões de tribunais de Justiça, as três compilaram tudo em livro e confirmaram o seguinte: o crime de estupro era o único do mundo em que a vítima é acusada e considerada culpada da violência praticada contra ela.
Isso foi em 1997. Silvia diz hoje ter vontade de fazer outra pesquisa, mas é bem possível que a essência do problema dispense atualização. Por sua experiência como vice-presidente do Cedaw, Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, organismo da ONU, o estupro continua entre o crime e a cortesia pelos hemisférios afora. Aqui, a lei nº 12.015, do último 7 de agosto, tenta apertar o cinto em torno da violência sexual, acomodando o atentado violento ao pudor sob a premissa do estupro no Código Penal. De crimes autônomos, tornaram-se um só. É por causa dessa mudança que o médico Roger Abdelmassih foi acusado de 56 estupros contra pacientes, e não de 53 atentados ao pudor e 3 estupros.
Uma das criadoras do Conselho Estadual da Condição Feminina, do Estado de São Paulo, fundadora do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), professora de filosofia do direito da PUC-SP, Silvia se diz uma aprendiz contumaz. A lição mais recente veio da última reunião do Cedaw, em Nova York, da qual é recém-chegada. Ali confirmou que o estupro ainda é estratégia poderosíssima em conflitos armados: "O inimigo acaba com a autoestima da outra parte, as mulheres estupradas perdem a autoestima, seus maridos também, seus pais idem". No âmbito doméstico, ele continua abafado pelas conivências familiares. No meio jurídico, se não for por cortesia, por vezes vigora pelo padrão. "In dubio pro stereotypo", diz Silvia, em frase de sua autoria, que ela aos poucos destrincha na entrevista a seguir.
A lei 12.015 é uma conquista das mulheres na medida em que suprime o atentado violento ao pudor e o inclui no artigo que trata do estupro?
É uma conquista, em primeiro lugar, porque os crimes sexuais deixaram de ser crimes contra os costumes. Até este mês, estupro, atentado violento ao pudor, posse sexual mediante fraude e assédio estavam sob essa rubrica no Código Penal. A minha hipótese é a de que isso acontecia porque o estupro, em especial, é visto como um ato disfuncional da sociedade ofensivo aos seus bons costumes. Daí a veemência e repúdio ao delito em si, havendo o uso de expressões contundentes e desqualificadoras em relação ao estuprador. Contudo, ainda se expressa desrespeito também à parte ofendida, levantando dúvidas quanto às suas declarações e à sua própria moralidade.
O fato de unificar a expressão ‘atentado violento ao pudor’ com o estupro fará diferença quanto ao tratamento da vítima?
Acho que essa unificação responde de imediato a uma crítica quanto à linguagem. No ideário popular, a violência sexual máxima é o estupro. E ele designa mais do que a conjunção carnal com a penetração vaginal. Entendemos também como estupro a penetração anal, por exemplo. Ofende tanto quanto. Nos Estados Unidos, ambos são rape. Na Inglaterra, também.

Por que fazemos diferença aqui?

O direito brasileiro definia assim porque está ligado de uma maneira muito forte à ideologia patriarcal. A legislação penal que vigorou entre nós nos primeiros anos do Brasil foram as ordenações filipinas, e essas expressões todas derivam delas. A ideia de pudor, por exemplo, está intimamente ligada a recato, honestidade, virgindade, defloramento. Antes, cabia ao marido pedir a anulação do casamento caso sua mulher tivesse sido deflorada por outro homem. A questão da virgindade era o ponto alto. O estupro, visto apenas como penetração vaginal, é aquele que de fato compromete essa noção familiar porque a vítima pode perder a virgindade e ainda correr o risco de ficar grávida. Mas a nossa sociedade se transforma, e o direito existe para acompanhá-la. Hoje a palavra "estupro" designa mais do que designava. No artigo 213 da mesma lei, por exemplo, estupro significava "constranger a mulher". Agora é "constranger alguém", pode ser de ambos os sexos.
Nesse mesmo artigo, estende-se também como estupro ‘praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso’. De que ato libidinoso se trata aqui?
Se você quer saber se eu acho essa linguagem boa, eu vou dizer que não. Não acho. Primeiro, precisamos ler duas ou três vezes para entender quem é esse "ele". Depois, "ato libidinoso" é muito amplo. No direito, muitas vezes existe indeterminação numa norma legal. Onde está a definição de ato libidinoso? Não está. Já deve existir uma definição por parte dos penalistas para isso, mas não é uma definição legal. Por não estar definida, paira certa vaguedad. Não gosto de traduzir para o português essa vagueza, é estranho demais. Os juristas argentinos, aliás, há muito tempo trabalham bem com esse conceito. De qualquer forma, a linguagem jurídica tem sempre de ser muito comunicativa.

Alguns homens já dizem que um beijo roubado pode torná-lo um criminoso...

Um beijo roubado não vai torná-lo criminoso da noite para o dia, isso não deve ser encarado como estupro. Agora, não podemos nos esquecer do assédio sexual. Nesse sentido, meu projeto vai mais no sentido educativo do que o atual, propondo políticas internas nas empresas para uma atenção maior para o tema. Acho mais rico que trabalhem a questão do que punam. A ideia que temos é de que assédio sexual não é crime, mas é. Para caracterizar assédio sexual ele precisa ser de um superior, e muitos chefes têm esse tipo de procedimento. Eles se valem da relação de poder que têm no ambiente para obter isto ou aquilo em troca de benesses. Não é nada fácil comprovar um assédio sexual. É mais fácil comprovar o estupro, que deixa evidências para o IML.
Antes da lei, podia-se somar as penas de estupro com a de atentado ao pudor. Ou seja, chegaríamos a 20 anos de reclusão máxima, e não a 10. A pena foi, de certa forma, atenuada. Seria uma falha da unificação?
Em termos de Direito Penal, não me preocupo tanto com a quantidade da pena, e sim com uma tipificação clara, com uma penalização razoável e uma punição efetiva. E não estou dizendo, com isso, que os colegas que criticaram esse ponto estejam juridicamente incorretos. Ocorre que, muitas vezes, quando se estabelecia a soma das penas de estupro e atentado violento ao pudor, a pena ficava tão imensa que descaracterizava até o crime.
A senhora mencionou, no início da entrevista, que se levantam dúvidas quanto às declarações da parte ofendida. Isso ainda acontece com frequência?
Existem pesquisas, como a minha, que mostram que a palavra da mulher, especialmente a da mulher adulta, não é levada a sério. Muitos ainda dizem que ela quis ser estuprada ou se insinuou além da conta. Com as crianças, há uma boa vontade por parte dos operadores do direito. Ainda assim, se a boa vontade fosse tão grande, não teríamos uma prostituição de menores do tamanho da que existe no nosso país. Essa prostituição significa estupro reiterado pelos homens que mantêm relações sexuais com menores.

Em relação aos demais poderes, o Judiciário ainda é o mais resistente a essas reivindicações de gênero?

O Judiciário tem sido tradicionalmente apontado como poder conservador. Ao mesmo tempo, é ele, principalmente por meio das suas instâncias primeiras, que está trazendo luz a uma série de temas polêmicos. Um exemplo é a união civil homoafetiva. Esse projeto de lei, apresentado por Marta Suplicy há tantos anos, não consegue ser aprovado no Legislativo. Ao mesmo tempo, em nove Estados brasileiros e no Distrito Federal, temos decisões judiciais reconhecendo a união, de fato, de um par homossexual como aspecto de relação familiar.

Vem também da desconfiança quanto ao Judiciário a dificuldade de denunciar?

Existe essa dificuldade em todas as regiões do mundo, dos países mais modernos aos menos desenvolvidos. A violência sexual é algo muito íntimo, muito privado. Não raro a mulher evita contar sobre essa violência até mesmo para o marido. Ela se envergonha. Por quê? Porque está no inconsciente que, quando o estupro acontece, a mulher deu causa. Vou dar um exemplo. Uma aluna minha foi estuprada na Praça da Sé por volta das 18h30 num dia da semana. No seguinte, ela foi à faculdade. Estava mal, com a cabeça encostada na parede. No final da aula, ela e uma colega vieram até mim. A colega disse que ela queria contar do estupro. A menina estava tão chocada que nem retirou a calça jeans para ir ao banheiro desde a noite anterior. Ainda assim, não quis denunciar o caso na delegacia da mulher nem contar para os pais. O máximo que consegui foi orientá-la na parte médica. Pois a menina tinha um namorado. Três meses depois o menino terminou o relacionamento. Ela disse que ele passou a olhá-la de forma diferente depois que soube do estupro. Ela estava se sentindo culpada de alguma maneira. Ou seja: gritou, mas não gritou o suficiente. Impediu, mas não como devia.

O estupro é um crime que envolve muita reincidência?

Li muito a respeito, e em diferentes perspectivas, mas existe pouco estudo e conhecimento a respeito da reincidência. Agora, é fato que essas relações sexuais se dão muitas vezes com pessoas das próprias relações, como amigos e parentes. Isso torna a situação ainda mais difícil porque implica estabilidade de um relacionamento social que transcende o relacionamento com aquele tio ou aquele pai. A família inteira se envolve. É altamente provável que as mães saibam quando os pais reiteradamente têm relações com suas filhas. Dizer que não sabiam? Você acredita nisso? Eu, desde que tenho filho, tenho sonho leve. A gente fica atenta. Até porque isso se dá na própria casa, que em geral não é do tamanho de um Palácio de Versailles. Para manter o status quo, há interesses os mais óbvios, como os econômicos e financeiros, até dependência emocional e psicológica. Conheço casos de mães que praticamente negociavam a filha de 2 anos com o marido/amante/namorado para não perder o parceiro.
A senhora acha que a mudança da lei pode provocar protestos em torno do estigma de ser chamado de estuprador? Quem praticava atentados violentos ao pudor não recebia essa denominação...
Eu acho que a notícia de que alguém teria praticado mais de 50 atos hoje categorizados como estupros determina uma decisão diferente. Pode-se, pelo menos, mudar essa naturalização da violência sexual. Ser chamado de estuprador é, sim, muito forte, tanto que, quando o acusado chega à prisão, ele recebe uma sanção dos próprios presidiários no sentido do que os presos entendem por estupro. Veja o disparate, o nonsense da situação. Esses mesmos homens que estupram um estuprador que vai para a cadeia talvez tenham tido relações nunca sabidas com as próprias filhas. Onde está a lógica? O pai que tem relações incestuosas entende que tem o direito de fazê-lo. As meninas seriam suas coisinhas. Por que os homens têm essa compreensão e, na cadeia, se julgam no dever ético de punir o estuprador? Acham que os outros estupradores estariam colocando em risco suas próprias filhas e mulher, que são propriedade deles. Se o outro estupra minha propriedade (filhas e mulher), ele está invadindo/usurpando a propriedade alheia.

Pode ser que o agressor ache que não estuprou.

Em 1996 estive no Peru, onde um jovem sociólogo havia entrevistado presos estupradores. Dali saiu um livro. Enfim, seus entrevistados eram presos condenados por estupro, todos na cadeia. O autor dizia que o mais chocante para ele foi olhar nos olhos desses homens e perceber que eles não tinham a mínima noção da ofensa que faziam. Diziam: "Mas eu nunca machuquei a minha filha". Alguns não machucam mesmo, isso se dá pela sedução. Freud veio mostrar que existe o complexo de Édipo e o complexo de Electra. Nossa condição humana, o instinto do seres humanos, nos leva à atração. Agora, somos seres humanos, não somos animais irracionais. Devemos articular as nossas ações, que são razão e não-razão. Daí a importância de vivermos numa sociedade que tenha claro, como valor social e jurídico, o não-incesto. Qual é a primeira ação tipificada como crime na sociedade? O incesto. As pessoas têm que se organizar internamente, saber que uma sociedade civilizada repudia não só o incesto, mas qualquer violência sexual contra as mulheres, sejam elas pequenininhas, adolescentes, mulheres maduras ou idosas.

São muitos os casos de violência sexual contra mulheres idosas?

Em dados numéricos, não. Mas existe sim. Algumas pesquisas mostram que o estuprador compulsivo violenta a primeira mulher que aparece. Claro que as bonitas estão mais vulneráveis, e as crianças mais ainda, isso em todas as sociedades. Na ONU, venho falando muito nesse tema e vejo que minhas palavras causam mal-estar porque as pessoas não querem dar nome às coisas. A primeira coisa que devemos fazer quando descobrimos um problema é nomeá-lo.

A violência sexual permeia todas as camadas sociais?

Várias colegas minhas da área de psicologia e alguns de pesquisas dizem que é provável que os dados mostrando alta incidência de estupro nas camadas menos favorecidas têm relação com a menor intimidade delas. Nas camadas sociais mais altas, as questões vão para os divãs dos psicólogos e psiquiatras. Muitas mulheres de classe média alta podem não ter contado o que viveram aos maridos, mas certamente o fizeram aos seus terapeutas. O importante é lembrar que a divisão entre o mundo privado e o público sempre existiu, mas essa divisão foi questionada em termos históricos pelas mulheres feministas. Elas perceberam que o historicamente privado não pode continuar a sê-lo porque as maiores violências que acontecem contra as mulheres se dão dentro de casa. E em todas as camadas sociais.

Uma maior educação pode diminuir a incidência desse crime?

Não existe nenhuma pesquisa sobre isso. Na minha percepção, a educação precisa ter um papel nisso tudo, que é o de contribuir para o domínio sobre os próprios instintos.

Há dados a respeito de violência sexual praticada por médicos?

Eu desconheço. Talvez procurando no Conselho Federal de Medicina... O que posso dizer é que nunca vi ninguém fazer intervenção cirúrgica sem ter um assistente. Mas muitas pessoas não querem perder o emprego. Ao mesmo tempo, a mulher dizer que um médico tentou uma violência sexual contra ela é muito difícil. O parceiro sempre pode ter dúvida. Não é que o cara seja louco, mas isso está consoante com a maneira de se interpretar o fenômeno que mencionamos anteriormente. Além de se sentir culpada por causa do marido, ela se percebe muito coitada, fica fragilizada, machucada no âmago.

O estupro é a forma mais intensa de submissão?

Sim, é a forma mais intensa de submissão, uma arma muito usada na guerra, inclusive. O inimigo acaba com a autoestima da outra parte. As mulheres estupradas perdem a autoestima, seus maridos também, seus pais idem. Veja você o caso congolês. Há um filme chamado Rape in Congo, que foi passado para nós na última reunião da ONU. É uma grita geral porque os homens estão sendo estuprados. É óbvio que estou de acordo com que a gente grite por eles, mas por que não gritam igualmente pelas mulheres estupradas? Lembra-se das comfort women, famosas na 2ª Guerra Mundial? Justificou o ódio de uma grande região da Ásia em relação aos japoneses, que tomavam as meninas dos povos conquistados e as levavam aos locais onde estavam os guerreiros para que servissem de prostitutas. Têm sido feitos livros e pesquisas para que essas mulheres contem suas histórias.

Além do Congo, que outro caso recente de violência sexual foi ouvido pela ONU?

Foi um caso que envolve liberianos num campo de refugiados no Arizona (EUA). Uma menina liberiana de 9 anos foi estuprada por liberianos. Quando a família soube do fato, pôs a menina pra fora de casa. A Libéria tem uma presidente mulher. Ela se manifestou publicamente fazendo o seguinte: passou uma mensagem à família da menina dizendo que ela não poderia ter feito isso, mas passou outra ao governo do Estado americano no sentido de que deem a esses rapazes estupradores a possibilidade de se reinserirem culturalmente na sociedade. Como recebemos a Libéria exatamente agora, levantei o tema. Foi lembrado pela delegação deles que deveríamos considerar que o país ficou 14 anos em guerra civil e que ambas as facções ou grupos que brigavam entre si, partidos políticos que sejam, estupravam as mulheres da outra facção. O que estou verificando pouco a pouco é que o estupro em conflitos armados é um dos problemas mais universais e um dos que mais precisam ser trabalhados.

E como o Comitê Cedaw lida com esses casos?

Bom, nós lidamos diretamente com todos os países que ratificaram a Comissão da Mulher. Eles são obrigados a nos entregar relatórios de cumprimento dos 16 artigos de substância sobre os direitos femininos, dizendo o que fizeram e o que deixaram de fazer e apontando os obstáculos. Nós analisamos esses relatórios e encaminhamos perguntas a eles. Depois chamamos os representantes desses países e mantemos um dia inteiro de diálogo construtivo. Nesse trabalho na ONU, aprendi muito escutando grupos de ONGs que trouxeram mulheres violentadas. Vi que o curative rape ainda vigora em algumas regiões do mundo, em diferentes versões. Numa delas, meninas que chegam à puberdade e ainda não definiram sua sexualidade são violentadas para que optem pela heterossexualidade. Já em alguns grupos étnicos do Laos, as meninas são disponibilizadas para o estupro coletivo e até agradecem por isso. Se não forem estupradas, não viverão além de 35 anos. Acho que nenhuma sobrou para contar história diferente. Já na região da Mauritânia as meninas, quando fazem 9 anos, são amarradas a uma cadeira durante o dia. Em volta são colocados 18 litros de leite, uma quantidade enorme de cereais, isto e aquilo, para que engordem até 120, 130 quilos. Quando atingem esse peso, estariam no ponto para serem dadas aos seus esposos. Qual é a crença? Quanto maior forem, maior será o tamanho do lugar que ocuparão no coração do marido. O que cada vez mais aprendo dessas situações horrorosas a que as mulheres são submetidas é que há sempre uma justificativa comum: a sublimação é boa para a sociedade.

Fonte: O Estado de São Paulo
Foto: Filhol
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